A Trindade como dogma

Jesus revelou que Deus é Pai
num sentido inaudito: Abba (Jo 14, 16). Ele também anuncia o envio de “outro
Paráclito” ,o Espírito da verdade (Jo 15,26), que age desde a criação até a
consumação dos tempos. Destarte a missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai em
nome do Filho e pelo Filho “de junto do Pai”, revela que o Espírito é com eles
o mesmo único Deus. Inseparáveis naquilo que são e naquilo que fazem. Mas na
única operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade,
sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito
Santo.
Abba é um termo hebraico que,
nos lábios de Jesus, exprime a familiaridade do Filho com o Pai.
A Trindade
A Trindade é experimentada,
crida e vivida antes de se propriamente “pensada” e conceituada. A fé
trinitária precede como deve ser à Teologia e o dogma: uma fé que, com a
intuição fundamental de que operari sequitur esse- o agir segue a manifestação
do ser – intui que, se Deus, em sua ação age trinitariamente, Deus é Trindade.
A Trindade como doutrina
– Ela, a Trindade Santíssima,
encontra a sua expressão na regra da fé batismal formulada na pregação, na
catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se na liturgia
eucarística: “gratia Dómini nostri Iesu Christi, et cáritas Dei, et
comummnicatio Sancti Spíritus sit cum ómnibus vobis” (CIC, Nº 249 ).
Nº 251 - Para a formulação do
dogma da Trindade a Igreja teve desenvolver uma terminologia própria recorrendo
as noções de origem filosófica: “Substância”, “pessoa”, ou “hipóstases”,
“relação”, etc..Ao fazer isto, não submeteu a fé a uma sabedoria humana senão
que imprimiu um sentido novo, inaudito, a esses termos, chamados a dignificar a
partir daí também tudo o que nós podemos compreender dentro do limite humano”.
Nº 252 – A Igreja utiliza o
termo “substancia” (traduzido também, às vezes, por “essência” ou por
“natureza”) para significar o ser divino na sua unidade, e o termo “pessoa” ou
“hipóstases” para designar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na sua distinção
real entre si e o termo “relação” para designar o fato de a distinção entre
eles residir na referência de um aos outros.
O Dogma da Santíssima Trindade.
–A Trindade é Una. Não
confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: A Trindade
consubstancial. As pessoas divinas não dividem entre si uma única divindade,
mas cada uma delas é Deus por inteiro: “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é
aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é,
um só Deus quanto a natureza”. Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto
é, a substância, a essência ou a natureza divina (CIC Nº 253) .
– As pessoas são realmente
distintas entre si. Deus é único, mas não solitário. Pai, Filho, Espírito
Santo, não simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são
realmente distintos entre si: ‘Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é
o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho”. São
distintos entre si pelas suas relações e origem. ‘É o Pai que gera, o Filho que
é gerado, o Espírito Santo que procede’. A unidade divina é Trina (Idem, Nº 254
).
Nº 255 do CIC vimos que as pessoas divinas são
relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real
das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às
outras: ‘Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho é
referido ao Pai, o Espírito Santo aos dois, quando se fala destas três pessoas
considerando as relações, crê-se, todavia em uma só natureza ou substancia’.
Pois ‘tudo é uno [neles] lá
onde não se encontra a oposição de relação’. “Por causa desta unidade, o Pai
está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo
inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo todo inteiro
no Pai, todo inteiro no Filho”.
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