“Quem não
critica o que crê não lapida suas crenças, quem não lapida suas crenças será
servo das suas verdades. E se as suas verdades forem doentias, certamente será
uma pessoa doente” (Augusto Cury).
As coisas mais absurdas da humanidade, adorar
seres e objetos como divindades. Respeito todos os credos e defendo o meu com
todo afinco. Mas faço uma visão panorâmica da expressividade desses credos que
aos olhos de muitos são considerados absurdos. Começo, então, pela minha
religião. Nós cristãos católicos acreditamos que em um biscoito de água e sal
sem fermento está o filho de Deus. Isso, graças, ao conceito de
transubstanciação. Para os que não creem isso é um absurdo, e dizem que nós
cultuamos um defunto mutilado e praticamos um canibalismo simbólico.
Da minha
religião parto para a religião hindu. Os hindus acreditam num espírito supremo
cósmico, que é adorado de muitas formas. Cerca de 330 mil divindades diferentes
representados por divindades individuais através de manifestações corporais da
divindade suprema como ratos, vaca, elefante, etc.
Fugindo da
radicalidade, uma nota sobre o Islã. No dia da Ashura, aniversário da morte do
Imã Hussein, neto do profeta Maomé é marcado por um ritual sangrento. A
vertente xiita do islamismo celebra esta data se flagelando com facas e
espadas, isto desde a tenra idade ao ancião. Sem esquecermos que muitos são
treinados para tirarem a sua vida e levarem consigo dezenas, centenas ou
milhares de pessoas inocentes. É o caso do homem bomba.
Que juízo de
valor temos em relação as estas expressividades religiosas De sobrevoo um
juízo, inseridos em suas realidades, outro.
Já sabemos a
opinião do descrente no quesito religioso. Este se ufana em dize ser um ateu.
Contudo, em seu inconsciente, ele cultua como divindade aquilo que Nietzsche
“criou” em sua obra Assim falava Zaratustra, o super homem, e conscientemente ele dissemina este culto ao super homem com a pretensão em dizer que ele
é senhor de se mesmo. Como um mais um somam dois, este está fadado ao
desencanto da sacralidade e incorre no risco de ser afogado pela náusea
nietzschiana “o coração é falso como ninguém” e os sentidos vivem a nos pregar
peças.
A causa da
náusea, argumenta Adrián Bene, que, “por um lado, consiste em os significados
dados em todo o mundo, e, por outro lado, na falta de sentido de coisas, o que
é evidente para os dois. Antifundacionalismo e perspectivismo de Nietzsche incluem
não apenas um ceticismo epistemológico e moral, mas, ao mesmo tempo, ele
recomenda que nós criamos nossas próprias visões de mundo”.
É o modo de
ver o mundo que nos dar a tonalidade do assentimento daquilo que fruímos como
verdade absoluta ou relativa. Esta verdade absoluta, que carrego em meu bojo, a
tenho como dogma. Contudo, sem desacreditar as partes da verdade, o que podemos
assim chamar de verdade relativa. Pois estas partes completa um todo. Por mais
crente ou descrente que seja, a coisa em si só pode ser contestada após um
exame empírico. Sem este, tudo que pronunciamos a respeito tornar-se-á uma
falácia.
Assim no campo
religioso como nas demais áreas, social e politica, o pensamento é supostamente
um arranjo de elementos, cuja natureza precisa conhecer. Do contrário, sua
exposição dos fatos será considera irrelevante. Ademais, não damos conta do
todo, apenas de uma parte ou mais de sua totalidade.
Se fizermos a afirmação “existem peças de
pedra sabão”, que é uma afirmação singular, existencial, basta que se encontre
uma peça de pedra sabão em algum lugar do mundo para que a verdade dessa
afirmação seja comprovada, ou para que a afirmação seja verificada. Falsificar
essa afirmação, porém, é muito difícil. Se procurarmos a tal pedra pelo mundo
inteiro e não a encontrarmos, não é tão simples dizer que falsificamos a afirmação:
podemos sempre alegar que não procuramos direito, e que em algum lugar, ainda
não examinado, existe uma peça neste jogo de xadrez de pedra sabão. Isto, no campo
da ciência e da argumentação, o que difere o da fé.
A fé abre a mente do crente mais que a mente de
um cientista. O cientista tem mais limites que um crente. O cientista precisa
repetir em laboratório inúmeras vezes seu experimento, que assim se isto acontecer
logo será verdade e é um principio cientifico. A fé não tem compromisso de
demonstração, de modo que, quem crer, crê sem os estereótipos.
A crença ou a descrença em algo ou alguém
como divindade parte de um pensamento impuro, no sentido de que este pensamento,
de certo modo, sofre influência cultural. É inserido em determinada cultura que
demonstro a minha crença à medida que o dado acreditado em mim e eu nele como
objeto de satisfação. De grosso modo, podemos então, parafrasear o pensador francês
René Descartes: Creio logo sigo. Não sigo uma ideia, mas em alguém que deu
provas de sua divindade, e a criteriosa Ciência e a História confirmam, mesmo
na contra mão dos descrentes e dos indiferentes.
© José Antonio dos Santos
Deixai, agora, vosso servo ir em paz, conforme
prometestes... (Lc 2,29s.)
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