quarta-feira, 30 de julho de 2014

AS COISAS MAIS ABSURDAS DA HUMANIDADE, ADORAR SERES E OBJETOS COMO DIVINDADES



“Quem não critica o que crê não lapida suas crenças, quem não lapida suas crenças será servo das suas verdades. E se as suas verdades forem doentias, certamente será uma pessoa doente” (Augusto Cury).

 As coisas mais absurdas da humanidade, adorar seres e objetos como divindades. Respeito todos os credos e defendo o meu com todo afinco. Mas faço uma visão panorâmica da expressividade desses credos que aos olhos de muitos são considerados absurdos. Começo, então, pela minha religião. Nós cristãos católicos acreditamos que em um biscoito de água e sal sem fermento está o filho de Deus. Isso, graças, ao conceito de transubstanciação. Para os que não creem isso é um absurdo, e dizem que nós cultuamos um defunto mutilado e praticamos um canibalismo simbólico.

Da minha religião parto para a religião hindu. Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas. Cerca de 330 mil divindades diferentes representados por divindades individuais através de manifestações corporais da divindade suprema como ratos, vaca, elefante, etc.

Fugindo da radicalidade, uma nota sobre o Islã. No dia da Ashura, aniversário da morte do Imã Hussein, neto do profeta Maomé é marcado por um ritual sangrento. A vertente xiita do islamismo celebra esta data se flagelando com facas e espadas, isto desde a tenra idade ao ancião. Sem esquecermos que muitos são treinados para tirarem a sua vida e levarem consigo dezenas, centenas ou milhares de pessoas inocentes. É o caso do homem bomba.

Que juízo de valor temos em relação as estas expressividades religiosas De sobrevoo um juízo, inseridos em suas realidades, outro.

Já sabemos a opinião do descrente no quesito religioso. Este se ufana em dize ser um ateu. Contudo, em seu inconsciente, ele cultua como divindade aquilo que Nietzsche “criou” em sua obra Assim falava Zaratustra, o super homem, e conscientemente ele dissemina este culto ao super homem com a pretensão em dizer que ele é senhor de se mesmo. Como um mais um somam dois, este está fadado ao desencanto da sacralidade e incorre no risco de ser afogado pela náusea nietzschiana “o coração é falso como ninguém” e os sentidos vivem a nos pregar peças.

A causa da náusea, argumenta Adrián Bene, que, “por um lado, consiste em os significados dados em todo o mundo, e, por outro lado, na falta de sentido de coisas, o que é evidente para os dois. Antifundacionalismo e perspectivismo de Nietzsche incluem não apenas um ceticismo epistemológico e moral, mas, ao mesmo tempo, ele recomenda que nós criamos nossas próprias visões de mundo”.

É o modo de ver o mundo que nos dar a tonalidade do assentimento daquilo que fruímos como verdade absoluta ou relativa. Esta verdade absoluta, que carrego em meu bojo, a tenho como dogma. Contudo, sem desacreditar as partes da verdade, o que podemos assim chamar de verdade relativa. Pois estas partes completa um todo. Por mais crente ou descrente que seja, a coisa em si só pode ser contestada após um exame empírico. Sem este, tudo que pronunciamos a respeito tornar-se-á uma falácia.  

Assim no campo religioso como nas demais áreas, social e politica, o pensamento é supostamente um arranjo de elementos, cuja natureza precisa conhecer. Do contrário, sua exposição dos fatos será considera irrelevante. Ademais, não damos conta do todo, apenas de uma parte ou mais de sua totalidade.

Se fizermos a afirmação “existem peças de pedra sabão”, que é uma afirmação singular, existencial, basta que se encontre uma peça de pedra sabão em algum lugar do mundo para que a verdade dessa afirmação seja comprovada, ou para que a afirmação seja verificada. Falsificar essa afirmação, porém, é muito difícil. Se procurarmos a tal pedra pelo mundo inteiro e não a encontrarmos, não é tão simples dizer que falsificamos a afirmação: podemos sempre alegar que não procuramos direito, e que em algum lugar, ainda não examinado, existe uma peça neste jogo de xadrez de pedra sabão. Isto, no campo da ciência e da argumentação, o que difere o da fé.

A fé abre a mente do crente mais que a mente de um cientista. O cientista tem mais limites que um crente. O cientista precisa repetir em laboratório inúmeras vezes seu experimento, que assim se isto acontecer logo será verdade e é um principio cientifico. A fé não tem compromisso de demonstração, de modo que, quem crer, crê sem os estereótipos.

A crença ou a descrença em algo ou alguém como divindade parte de um pensamento impuro, no sentido de que este pensamento, de certo modo, sofre influência cultural. É inserido em determinada cultura que demonstro a minha crença à medida que o dado acreditado em mim e eu nele como objeto de satisfação. De grosso modo, podemos então, parafrasear o pensador francês René Descartes: Creio logo sigo. Não sigo uma ideia, mas em alguém que deu provas de sua divindade, e a criteriosa Ciência e a História confirmam, mesmo na contra mão dos descrentes e dos indiferentes.


© José Antonio dos Santos

Deixai, agora, vosso servo ir em paz, conforme prometestes... (Lc 2,29s.)


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