quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cardeal Willian Levada diz que Igreja combate a pedofilia

O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, abrindo o simpósio internacional para bispos e superiores religiosos sobre o abuso sexual, esclareceu que existe o máximo empenho por parte do Papa, da Santa Sé e das Conferências episcopais para "encontrar as melhores maneiras para ajudar as vítimas, proteger os menores e formar os sacerdotes de hoje e de amanhã para que estejam conscientes desta chega e seja eliminada do sacerdócio".
Texto publicado pela Agência de notícias da Conferência Episcopal Italiana divulgado nesta terça, 7 de fevereiro, expressa que a Congregação para a Doutrina da Fé, também "sob a constante orientação do card. Joseph Ratzinger", assistiu a "um dramático aumento" do número de casos criminosos de abusos sexuais contra menores por parte de clérigos, também por causa da cobertura da mídia que estes escândalos tiveram no mundo todo. Nos últimos dez anos, chegaram até a Congregação vaticana mais de 4 mil casos de abusos sexuais contra menores e estes casos "revelaram, por um lado, uma resposta inadequada do Código de Direito Canônico a esta tragédia em por outro, a necessidade de uma resposta mais abrangente".

Em sua conferência, o Prefeito também lembrou o que o Papa fez neste setor, a partir d escândalo dos abusos sexuais que estourou nos EUA nos anos 2001 e 2002. "Quero expressar - disse dom Levada - a minha pessoal gratidão ao Papa Bento, que como prefeito, foi determinante" na aplicação de "novas normas para o bem da Igreja". "Mas o Papa - acrescentou - enfrentou duros ataques na mídia nos últimos anos em várias parte do mundo, quando, no entanto, deveria ter recebido a gratidão de todos nós, na Igreja e fora". Após este esclarecimento, o cardeal continuou sua intervenção abordando vários temas: desde a necessidade das vítimas de serem ouvidas à obrigação para a Igreja de ouvir e compreender "a gravidade daquilo que a vítimas sofreram". Desde a "proteção dos menores" nos vários setores da Igreja à formação dos candidatos ao sacerdócio, que devem ser submetidos a "um maior escrutínio".

Ainda na conferência, o Prefeito afirmou: "a colaboração da Igreja com as autoridades civis nestes casos reconhece a verdade fundamental que o abuso sexual contra os menores não é só um crime no direito canônico, mas também um crime que viola as leis penais na maior parte das jurisdições civis". No fina, porém, de sua relação, o cardeal quis terminar com uma observação: "É bom repetir. Aqueles que abusaram são uma pequena minoria de fiéis e leigos comprometidos. No entanto, esta pequena minoria provocou um grave dano às vítimas e à missão da Igreja".

Com a participação de representantes de 110 Conferências Episcopais do mundo, teve início na segunda-feira, 6, na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, o Simpósio abusos sexuais. Os trabalhos foram abertos pelo cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, uma das promotoras do encontro.
Estão presentes também os Superiores de mais de 30 ordens religiosas e cerca de 70 especialistas em Direito Canônico, Psiquiatria e Psicoterapia que trabalham com as vítimas de abusos e com os agressores.
Em declaração aos jornalistas, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, observou que este será um “contributo específico” para ajudar a liderança da Igreja Católica a enfrentar estas situações.
Na agenda dos três dias de encontro e reflexão, a portas fechadas, estão previstas intervenções de especialistas em Psicologia, Direito Canônico, Teologia e Pastoral da Igreja Católica. Uma vítima de abusos dará o seu testemunho, “falando aos delegados sobre a necessidade de escutar as vítimas e das mudanças necessárias para enfrentar melhor o problema”.
O promotor de justiça do Vaticano, o arcebispo Charles Scicluna, afirmou que os abusos sexuais contra menores cometidos por eclesiásticos “não são apenas um pecado, mas um crime”, e que a Igreja tem o dever de colaborar com o Estado para evitá-los.
Já o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet, presidirá uma “vigília penitencial”, pedindo o perdão das vítimas.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou um representante para participar do Simpósio: o frei carmelita Evaldo Xavier Gomes, assessor de Direito Canônico da Conferência e pároco da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Belo Horizonte (MG).
O frei falou sobre o conteúdo de um documento elaborado para orientar o episcopado brasileiro sobre como proceder diante de denúncias de abusos. Para sua formalização, aguarda-se a aprovação da Santa Sé.
“Este é um evento para o qual também foi convidada a CNBB. A presidência me indicou para representá-la, sobretudo porque a CNBB acaba de elaborar um documento para o episcopado no Brasil dando orientações sobre como proceder com relação aos abusos sexuais cometidos por membros do clero, especificamente por clérigos. O documento é muito bem elaborado”, afirmou frei Evaldo.
Segundo o frei, o documento é dividido em cinco partes: “a primeira trata dos aspectos psicológicos do problema dos abusos sexuais; a segunda parte trata dos aspectos canônicos que envolvem, seja a história da disciplina da Igreja com relação aos abusos de menores, seja a disciplina atual da Igreja, do direito canônico vigente. Aborda também os aspectos civis, do direito civil brasileiro. Em seguida, da relação entre o episcopado e a imprensa diante destes casos, que é sempre um problema gravíssimo. Este documento busca instruir o episcopado e os superiores religiosos sobre como relacionar-se com a mídia diante destes casos. Finalmente, aspectos pastorais: como lidar com este problema diante da pastoral da Igreja, da missão eclesial.
O frei Evaldo Xavier complemente: “Enfim, aspectos gerais, que seriam como lidar com a pessoa, a pessoa que é vítima do abuso e com a que praticou o abuso sexual. Este é um problema muito grave, uma ferida na Igreja dos nossos tempos, uma ferida que vem à tona, que talvez tenha permanecida oculta, escondida durante séculos; seja pela disciplina seja pelo temor, pela omissão, por vários fatores, e agora vem à tona. Muita gente vê isso com maus olhos, eu acho que é muito bom. O doente só pode curar a sua doença se ele conhece a doença".
Para finalizar, o frei carmelita diz que de certa forma, a Igreja descobre em si mesma uma espécie de “câncer, uma doença a ser curada”. “Esta doença deve ser curada. O documento da CNBB insiste muito nisso: a oração, a fé, a esperança no amor de Deus como primeiro passo para a cura de todo o mal que existe na pessoa humana. Em síntese, esta mentalidade da Igreja, da nossa mentalidade como católicos. Sendo isso um grande mal, é importante que saibamos identificá-lo para poder combater e curar”, finaliza.
Informações da Rádio Vaticano

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