Concluindo nesta sexta-feira dia 28 de outubro de 2011, ao fim da tarde, o encontro de reflexão, diálogo e oração pela justiça e paz no mundo, Bento XVI recordou que a “dimensão espiritual” é um “elemento-chave para a construção da paz”, acrescentando: "Através desta peregrinação única, fomos capazes de nos comprometermos num diálogo fraterno, aprofundar a nossa amizade e caminhar juntos em silêncio e oração”.
Líderes cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, budistas, representantes de religiões africanas e asiáticas, bem como um grupo de agnósticos, renovaram neste encontro um ‘solene compromisso comum pela paz’, em variadas línguas, incluindo o árabe e o hebraico, o russo e o japonês, seguindo a fórmula utilizada no anterior encontro de Assis, em 2002, um ano depois da tragédia de 11 de Setembro. Bento XVI renovou as palavras então pronunciadas por João Paulo II: “Nunca mais a violência! Nunca mais a guerra! Nunca mais o terrorismo! Que, em nome de Deus, cada religião leve à terra justiça e paz, perdão e vida, amor!”
O cardeal Jean - Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, afirmou que “a esperança há-de prevalecer sobre o medo” e que ninguém se pode “resignar” diante das guerras. E o Santo Padre, na declaração final, em inglês, encorajou todos os presentes a prosseguir o caminho empreendido:
“Vamos continuar a reunir-nos, vamos continuar a estar juntos nesta caminhada, em diálogo, na construção diária da paz e no nosso compromisso por um mundo melhor, um mundo no qual cada homem e mulher, cada povo, possam viver de acordo com as suas legítimas aspirações”.
O “compromisso comum” lido, em variadas línguas, por 12 líderes religiosos e um representante dos agnósticos, exprime a “convicção de que a violência e o terrorismo se opõem ao autêntico espírito religioso”, condenando “qualquer recurso à violência e à guerra em nome de Deus ou da religião”. A convivência “pacífica e solidária”, a promoção de uma “cultura do diálogo” e o respeito pelas convicções de “crentes e não crentes” foram também sublinhadas neste momento solene, que culminou num tempo de recolhimento geral, em silêncio, como apelo interior à conversão e ao sentido de responsabilidade, introduzido por uma exortação do Papa.
“Após renovarmos o nosso compromisso pela paz e termos trocado uns com os outros um sinal de paz, sentimo-nos ainda mais profundamente envolvidos, juntamente com todos os homens e mulheres das comunidades que representamos, na nossa comum caminhada humana”.
Foi também o Papa a explicar o gesto escolhido para a conclusão do encontro - a entrega aos participantes de uma lamparina, símbolo do desejo de serem “portadores, em todo o mundo, da luz da paz”. Para além das lamparinas, foram largadas pombas brancas, algumas das quais acabaram por ir parar ao meio da assembleia.
No final, Bento XVI referiu expressamente os jovens que realizaram, a pé, a peregrinação (subindo até à parte alta de Assis) testemunhando assim “como, entre as novas gerações, são muitos os que se empenham para superar violências e divisões”.
Concluído o momento celebrativo, os participantes que o desejaram desfilaram, em silêncio, com momentos de recolhimento, perante o túmulo de São Francisco, na cripta da basílica inferior de Assis.
Sobre o acontecido, escreve Dom Henrique em seu blog (http://costa_hs.blog.uol.com.br/): “O que eles não fizeram ali? Não rezaram juntos, pois não creem no mesmo deus.
Não rezaram juntos, porque seria um faz-de-conta e um desserviço ao sentido verdadeiro do que é a religião – que não é relativismo nem sincretismo, mas certeza de uma Verdade.
Ao invés da oração conjunta, fizeram todos um momento de silêncio para uma reflexão ou uma oração pessoal de acordo com sua crença...
Não se tenha dúvida: crer é melhor que não crer! Se é verdade que somente o cristianismo é a religião verdadeira e somente na Igreja católica subsiste a Igreja de Cristo, não é menos verdade que é mais humano professar uma crença religiosa e toda religião exprime a bendita saudade que todo ser humano tem do Infinito. Eis Assis. Só isto, tudo isto, nada mais que isto”!
Concordo com ele em gênero e grau. Respeitemos o pluralismo religioso, mas não nos conformemos com o irenismo. O papa Bento XVI não estava fazendo irenismo, entendam. Sim, um diálogo inter-religioso.